Está prevista para outubro a chegada ao mercado brasileiro do primeiro leitor de ebooks (livros digitais) nacional. Ainda não tem nome definido, mas será montado em Minas Gerais pela empresa de tecnologia BraView, que já faz monitores, roteadores e diversos periféricos de informática.
A grande referência em ebook readers no mundo é o americano Kindle, da Amazon. O sucesso do Kindle nos Estados Unidos e em alguns países da Europa enche os olhos de qualquer empresário que atua no ramo. Não há números oficiais divulgados, mas especialistas estimam que a renda com a venda dos aparelhos e dos livros digitais chegue a US$ 1,4 bilhão em 2010.
O modelo de negócio pegou lá fora, mas principalmente por causa da mãe do Kindle, a Amazon. A empresa é a maior loja pontocom dos Estados Unidos, e começou na internet em 1995 vendendo justamente livros. A vocação no mercado foi fundamental. É claro que fez também toda a diferença o fato de Oprah, a apresentadora mais popular dos EUA, ter dito que o aparelho tinha mudado sua vida.
Pois falta um padrinho ao “Kindle brasileiro”. Segundo o gerente de marketing da fabricante, Eduardo Silva, alguns contatos com lojas pontocom brasileiras foram feitos, mas nada foi fechado ainda. Ele não cita nomes, mas é fácil imaginar que as parceiras naturais seriam varejistas como Americanas/Submarino e Saraiva.
A tabelinha Kindle/Amazon lembra o sucesso na música da dupla iPod/iTunes (Apple), que se repete agora com a venda de aplicativos para o celular iPhone. O sucesso do Kindle, do iPod e do iPhone não é apenas pelo “rostinho bonito” dos aparelhos. E o da BraView nem é lá dos mais atraentes.
Sem padrinho, a empresa vai entrar nesse mercado com cuidado. Em um primeiro momento serão postos à venda apenas mil aparelhos.
O modelo escolhido para o lançamento é básico. Em recursos, lembra muito a primeira geração do Kindle, lançada nos Estados Unidos em novembro de 2007. O reader da BraView terá entrada para cartão de memória e servirá também como tocador de MP3. Não tem, por exemplo, conexão wireless para compra direta de conteúdo digital na internet, presentes no Kindle 2 e no Kindle DX. Segundo a BraView, essa função será incorporada na próxima geração do aparelho. O recurso wireless completou, com a Amazon e a Oprah, a trinca de sucesso do Kindle.
Por questões óbvias de patente, não será possível ler no gadget brasileiro os mais de 300 mil livros digitais disponíveis na Amazon (formato AZW). O “Kindle brasileiro” é compatível com arquivos PDF (Acrobat), TXT (texto), HTML (internet), EPUB e MOBI (dois dos arquivos padrões para livros digitais), FB2 (PocketPC), PRC (Palm), JPG e BMP (imagens) e MP3 (música). O preço do brinquedo será de US$ 200, algo próximo a R$ 380 no câmbio de hoje.
O Kindle não é vendido no Brasil, mas não faltam sites que ensinam como usar o aparelho por aqui. Além disso, há diversos ebook readers gringos no mercado nacional. A chegada de um representante genuinamente brasileiro levanta a dúvida: será que leremos livros digitais por aqui como fazem lá fora?